Espanha

Se o meu avô cresceu sem o pai a minha avó cresceu sem a mãe. A mãe da minha avó Catarina, que também se chamava assim, morreu muito cedo vítima da gripe espanhola que dizimou a população europeia no início do século XX. Não me vou alongar sobre este assunto das epidemias, um dos meus preferidos, mas o que é facto é que esta em particular mudou a vida da minha avó que ficou sem mãe com 5 anos.

A família materna da minha avó tem as suas origens na zona do Vale de Santiago com algumas ramificações em Santa Luzia. Existe no entanto um ramo cuja origem foge a esta delimitação geográfica e que é o ramo espanhol. Em 1820 nasce no Vale o avô paterno da mãe da minha avó ou seja um dos meus tetravôs cujos os pais eram naturais do Reino de Espanha. Estes meus antepassados são de El Almendro e de Villanueva de los Castillejos, povoações Andulazas ( OLÉ!!!) que pertencem à província de Huelva.

Pesquisar em Espanha é muito complicado porque os Livros Paroquiais não estão reunidos em Arquivos Distritais ou Regionais. Em Espanha estes livros estão habitualmente na respectiva igreja e em alguns casos nem se encontram totalmente catalogados. Para os consultar é necessário apelar à boa vontade dos párocos que muitas vezes asseguram várias paróquias e não têm tempo ou disposição para aceder aos pedidos de consulta. Uma outra fonte são os Arquivos Diocesanos onde se encontram arquivados os pedidos de dispensa matrimonial onde normalmente no processo que era elaborado consta o nome dos pais, avós e com sorte bisavós dos nubentes mas, para os consultar primeiro temos que ter um assento de casamento onde conste que os noivos foram dispensados disto ou daquilo...

No meu caso recorri a alguns conhecimentos da net, claro, e consegui avançar em algumas linhas graças à ajuda do Emílio de quem descobri que ainda sou parente por via de uma ascendente que temos em comum lá para 1700 :), que investiga no El Almendro e que compilou os respectivos índices dos Livros Paroquiais. Inclusivamente escrevi para o Arquivo do Bispado de Huelva de onde me mandaram o processo de dispensa relativo ao matrimónio de Matias Gomez e Maria Ramirez que casaram em 1718. Como eram primos em terceiro grau tiveram que obter dispensa da consanguinidade existente para poderem casar. Depois de analisar o processo composto por 20 páginas todas escritas em castelhano, claro, e com uma caligrafia difícil lá consegui vislumbrar os nomes que precisava. Fiquei então a saber que o pai do noivo se chamava Anton Ximenes e que a sua mãe Francisca Peres era prima irmã de Martin Dominguez pai de Catalina Correa mãe da noiva Maria Ramirez. Confusos? Nãã...

Estas famílias que viviam perto da fronteira com Portugal e que se instalaram por volta de 1810 deste lado da fronteira fugiam das chamadas Invasões Francesas. Quem tinha mais recursos passava para a zona fronteiriça do lado português na esperança de poder voltar mais tarde e recuperar alguns dos seus bens. Foi o que aconteceu com os antepassados do primo Emílio que se fixaram nas povoações fronteiriças do concelho de Mértola e por lá foram ficando. Com isto é mente tentei averiguar os motivos que levaram os meus antepassados ao Vale de Santiago em vez de ficarem na zona raiana e penso que a explicação está num outro factor. Uns anos antes houve necessidade de "importar" padres que começaram a escassear em algumas paróquias portuguesas e os espanhóis foram aliciados. No Vale vivia um Presbítero Secular chamado Diogo Domiguez Pablo que foi padrinho de baptismo do meu antepassado Sebastião Dominguez, o primeiro a nascer em Portugal filho de um casamento entre espanhóis ocorrido já no Vale em 1814. Será que se instalaram na zona por já existirem aí familiares?

Tudo isto pede muito mais investigação e uma visita organizada aos "pueblos" em questão. Aceito desde já inscrições dos interessados para uma mega concentração familiar em El Almendro!

Comentários

DinisRomao disse…
Bifa! Espetaculo! Count Me IN!!!!!
Joshua disse…
Já estás inscrito!
Anónimo disse…
Muito boa noite!
Queria em primeiro lugar felicitar a autora do blog. Gosto imenso do seu blog e o tema é muitíssimo interessante.
Deduzo que seja uma senhora/menina pela maneira como é tratada pelo comentador dinisromao.

Em segundo lugar gostaria de deixar uma mensagem ao caro comentador dinisromao.
Meu caro amigo não se usam esses modos, muito grosseiros diga-se, quando nos estamos a dirigir a uma senhora/menina.
Posso deduzir pela maneira como a trata que a conhece, mas mesmo assim é muitíssimo grosseiro da sua parte dirigir-se-lhe dessa maneira!

Por via das dúvidas, não fosse eu estar enganadoe ou desactualizado e "Bifa" ser um termo respeitoso, resolvi consultar o dicionário e como não quero que pense que o estou a enganar, aqui deixo o link do site que consultei
http://www.infopedia.pt/
Como o excelentíssimo comentador pode verificar, se procurar a palavra "Bifa", esta não consta no dicionário, mas no fim da lista de palavras semelhantes é possível encontrar a palavra "bifar" que tem por significado furtar e surripiar, dito de outra maneira significa roubar.
Como pode comprovar eu não consultei um dicionário qualquer, consultei o dicionário da Porto Editora, não fosse o senhor questionar a qualidade da informação. Sabe que isto na net se encontra de tudo e muitas vezes a informação não tem qualquer qualidade.

Com isto espero tê-lo elucidado quanto à não existência da palavra “Bifa” e desta maneira ter contribuído para o aumento da sua cultura e espero também que passe a tratar a senhora/menina de uma maneira mais distinta.

Com os maiores cumprimentos
Sérgio Gama
Anónimo disse…
Boa noite!
Tambem tenho antepassados de Villanueva de los Castillejos mas nao consigo encontrar nada na net. A minha pregunta: como contactar esse emilio que compilou os indices dos livros parroquiais?
Cumprimentos
Filippe
Joshua disse…
Filippe,
Se os seus antepassados são de Castillejos o melhor será contactar com o Miguel Centeno através de www.centenos.net. O Miguel compilou os índices de Castillejos e embora alguns livros estejam desaparecidos pode ser que no seu caso haja sorte. O Emílio fez esse trabalho para El Almendro. Ele é moderador do Huelvagen, um grupo sobre genealogia de Huelva e pode contactá-lo assim: egceto@yahoo.es.
Anónimo disse…
Obrigado pela sua resposta. Já tentei contactar o Miguel Centeno, mas infelizmente não obtive reposta (o site parece não ter sido actualisado hà muito tempo). Vou tentar com o moderador do Huelvagen.
Por acaso tenho uma Leonor Gomez de VN Castillejos nascida em 1790-1810, talvez já a tenha encontrado nas suas buscas?
Filipe
Joshua disse…
Filipe,
Não tenho nenhuma Leonor Gomez em Castillejos mas tenho uma Maria Gomez Velasco casada com Juan Gomes Ponze. Terão casado em 1760. Acontece que é um ramo em que não consegui avançar porque falta este livro de assentos.Estive a ver as coisas que o Miguel me enviou e nada consta da sua Leonor.Tente contactar com o Miguel desta forma miguel.centeno@mail.telepac.pt.Depois diga qq coisa
Anónimo disse…
Cara Josué
acabei de mandar um mail ao Miguel Centeno, aguardo agora a resposta.
Aproveito para lhe mandar os nomes das pessoas de que estou a procura:
José Silvestre Alvares casado com Maria de Jesus (passaram para loulé em 1820-40)
os pais desse José silvestre são Juan Francisco Alvarez e Josefa Marquez
os pais dessa Maria de Jesus são Sebastian Garcia Lobero e Leonor Gomes
todos naturais de VN de los Castillejos do final do século 18 principio de seculo 19.
Atentamente
Filipe Guerreiro
Anónimo disse…
Mas quem é que lhe encomendou sentenças Sr Gama? Compadre parece-me q esta no site incorrecto. Definicoes e interpretacoes talvez na wikipedia. Get a life!

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